Quando stalkeei um famoso

Todas as pessoas que me conhecem e as que também não me conhecem saber que eu sou bipolar, não bipolar no sentido da brincadeira, uma pessoa indecisa, eu sou Bipolar diagnosticada desde 2005 e comecei meu tratamento medicamentoso em 2009, mais precisamente em outubro, depois de muita episódios desagradáveis com família e amigos.
O ano era 2019, e eu era muito fã daquele grupo de rap 3030, pela qualidade sonora e de letra e me sentia feliz porque em 2007 eu estudei com um dos integrantes (e só em 2020 eu descobri que ele havia salvado a minha vida, numa época dessas anterior ao início do meu tratamento.
Acontece que os versos que mais me chamaram foram os versos do Rod, e devo atentar o Rod publicou uma foto dele com a esposa e na legenda um verso de uma música do Tiago Iorc, ignorei o fato e num impulso, escrevi uma carta de amor endereçada ao Bruno dizendo que eu estava apaixonada. E na carta eu disse "estou indo para a Bahia". Neste momento da narrativa quero ressaltar que eu estava em Minas Gerais na casa do meu pai, e eu estava lá porque o psicólogo que me acompanhava exigiu que eu interrompesse trabalho e estudos porque eu estava MUITO DOENTE. Conversei com o meu pai e disse que eu queria muito ir, ele me advertiu, disse que não seria a coisa certa a fazer, mas eu insisti.
Contatei uma amiga, a Luana, uma pessoa que eu tinha afeição de quando nós éramos adolescentes, nossas conversas sempre foram interessantes, ela estava em Arraial D'Ajuda, disse que eu poderia ir, com a condição de que eu teria apenas três dias para ficar na casa dela, porque ela dividia a casa com uma amiga. Também contatei a Giulia, mas ela disse que não lembrava de mim.
Tudo isso aconteceu entre outubro e novembro de 2019.
Meu pai comprou a passagem e eu fui de ônibus até Porto Seguro, a Luana estava na rodoviária quando o ônibus chegou. Cheguei na casa dela, pela manhã e ainda na primeira noite, nós saímos para eu entregar currículo e eu pedi para ela ser minha filha. Saímos, eu entreguei alguns currículos, voltamos para casa (era sábado), dormimos e no domingo cedo eu fui para a missa, eu convidei a Luana para ir comigo mas ela preferiu ficar dormindo, e ainda durante a missa, o Diego enviou mensagem no meu WhatsApp me convidando para trabalhar no restaurante Mr. Pastas. Naquela noite de domingo foi meu primeiro dia de trabalho.
Lembrando que ainda nesses primeiros dias, eu enviei uma mensagem no Instagram do Rodolfo Valiense pedindo para encontrá-lo porque ele tem uma empresa de audiovisual e na época eu estava no penúltimo período de Artes Visuais. Ele ficou de me responder em três dias. Nunca me respondeu.
Eu não consigo lembrar os nomes das pessoas que trabalhavam comigo, mas tinha uns 3 homens que demonstraram interesse na minha pessoa, e como a minha função era ficar em pé na Rua do Mucugê convidando as pessoas para conhecerem o cardápio e entrarem no restaurante, alguns homens tocavam no meu braço, no meu ombro e essa interação começou a me irritar.
O Diego vivia fazendo a piada, frequentemente ele dizia "você prefere café na cafeteira ou no coador é mais gostoso?" e eu comecei a achar que ele estivesse fazendo uma sugestão, ou pior, uma ordem. E eu comecei a achar que eu tinha a OBRIGAÇÃO de ficar com alguém, e eu comecei a procurar pessoas desenfreadamente, o problema é que eu não gostava de absolutamente ninguém. Vamos voltar à motivação da minha viagem, eu escrevi a carta pro Rod, e eu fui até à Uiki (que é do pai do Rod), e chegando lá eu desamarrei a parte de cima do meu biquíne, o gerente, o Nelson, ficou interessado, disse que queria ficar comigo e eu fiquei, e deixei o meu real interesse, EU QUERIA TRABALHAR COM ELE, entreguei o currículo mas ele só me chamou em dezembro (quando eu havia voltado para a casa do meu pai). E eu esperei ser chamada, e nada um mês depois.
Como eu fiquei só três dias na casa da Luana, fui morar numa república onde moravam mais duas mulheres e o dono da república, e eu lembro muito bem de quando uma delas olhou fixamente para mim e disse "EU TENHO QUE ME ORGANIZAR COM AS MINHAS AMIGAS", e no meu quarto não tinha chave na porta, eu guardava todo o meu dinheiro dentro da mala, e essa mesma mulher insinuou que finalmente naquele ano ela conseguiria passar o réveillon na Universo Paralello, e a partir desse dia, eu recebia meu dinheiro e na saída do trabalho eu já passava na agência da Caixa Econômica e depositava meu dinheiro.
Coisas que se desregularam na minha rotina enquanto eu estava lá:
- alimentação: eu não conseguia comer direito, não tinha apetite, me sentia insegura de comer com tantas pessoas estranhas;
- sono: eu chegava do trabalho meia noite, tomava banho, tomava meu remédio e eu simplesmente não conseguia dormir, eu não dormia, mesmo tomando 400 miligramas de Clozapina;
- estudos: eu não tinha concentração nenhuma para estudar.
E os dias iam passando, eu não encontrava uma referência de família que era a vivência que eu estava acostumada.
Eu vi a Dayane, vi o Ian, vi a Maria Luiza. A Dayane e o Ian me deixaram alí mesmo onde eu estava, a Maria Luiza me levou na casa dela, mas o meu mundo caiu quando ela disse "só Vem", e ali eu percebi que eu não tinha mesmo para onde ir. Na festa do dia 31 de outubro eu estava tão nervosa, impaciente e com medo, que eu não fui para nenhuma festa, e como eu estava eufórica e não conseguia dormir, eu aproveitei que todo mundo saiu, para faxinar a casa. Eu ia trabalhar e a música alta e aquele monte de gente começou a me deixar nervosa, impaciente e depois de quatro semanas, que eu não aguentava mais, eu decidi ir embora, o problema era EU NÃO TINHA DINHEIRO SUFICIENTE PARA VOLTAR PARA CASA. Eu ainda tentei um último contato com a Giulia, porque as vezes eu pedia pra Luana me esperar na hora da saída nas noites que ela tocava no Mr. Pastas, mas ela só dizia que ela "se segurava sozinha", eu não queria namorar ela, eu queria que ela fosse minha irmã. Aí eu usei o pretexto de comprar um anel com a Giulia e nós agendamos as 3 da tarde na albergue da mãe dela, eu fui no horário marcado, e ela não havia chegado, a mãe dela estava. Eu poderia ter falado com a mãe dela? Poderia! Eu pensei em falar com a mãe dela? Não pensei. Voltei mais tarde e peguei o anel, quem me entregou a compra foi uma funcionária.
Enfim, eu estava decidida a ir embora, porque eu acreditei piamente que algum dos meus amigos de antigamente iria me resgatar na rua, a Mariana Reia, no início de 2019, numa conversa no Messenger, disse que se ela me encontrasse na rua, me levaria para casa dela, e eu passei por quatro semanas seguidas em 6 horas dos meus dias, plantada no meio da Rua do Mucugê, até o Mika Rui, amigo do meu pai, me viu naquela situação.
Eu liguei pro meu pai e disse "pai, eu quero voltar para casa", ele respondeu dizendo que eu podia voltar, mas que ele não me daria o dinheiro. Eu não sabia o que eu ia fazer e surpreendentemente daquela mesma noite entrou um grupo de homens estrangeiros no restaurante e um deles disse que queria ficar comigo, e eu disse a ele que para ficar comigo, teria que pagar, e eu cobrei R$ 400, ele disse que pagava, e naquela mesma noite eu fui ao hotel que ele estava, e foi uma noite normal, não aconteceu nada além do trivial, e eu estava com o dinheiro certo para voltar para casa, na noite seguinte eu fui ao trabalho e já estava decidida a ir embora, tentei me aproximar do Robertinho, pra ele me fazer companhia até que alguém da minha família fosse me buscar mas ele não estava afim, quando eu percebi que eu estava literalmente sozinha mesmo, voltei para casa nessa noite de trabalho e pela manhã eu fui para a praia pensar e decidi que eu iria embora, fui pro trabalho e comecei a passar muito mal com aquele barulho todo, eu estava transtornada, e pedi pro Diego para ir embora porque eu estava passando mal.
Cheguei na república e liguei pro Pedro, não sei porque diabos eu fui procura-lo de novo. Atravessei a balsa e fui andando até uma farmácia porque eu estava sem hidratante corporal e pensei, já que eu estou aqui, vou passar no Shopping Oceania e vou falar com o Pelao, eu parei exatamente em frente ao shopping e quando eu estava entrando, o Pedro me ligou, me apressando, disse que eu estava demorando, peguei o Uber e fui. E o resultado foi a cena que vocês assistiram, aquelas cenas não foram autorizadas por mim. E eu não procurei a Lívia por um motivo óbvio, eu lembro muito bem da confusão de 2008. A única conclusão que eu tive, naquelas quatro semanas, era que de algum jeito eu estava correndo riscos,e a coisa mais sensata era voltar para casa, para mim, aquele porto não tinha nada de seguro.

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