Meu Pai do Céu

Esta é uma súplica de uma pequenina, tão pequena quanto poeira de estrela que implora para ser ouvida. Todos nós viemos de uma mulher e é pelas mulheres que eu faço esta súplica, por mim, pelas minhas contemporâneas, pelas que ainda virão, mas principalmente, pelas que vieram antes de mim, as que silenciaram seus sofrimentos mas estes sofrimentos se manifestavam de outras maneiras e hoje eu compreendo tudo, vó.
Lembro como se fosse hoje, o quanto estas mulheres se dedicaram pelo bem estar da prole e hoje eu reconheço o tempo e o quanto elas se anularam por nós. Os convites de Primeira Comunhão, as contas do terço, as dez Ave Marias, a Salve Rainha, as bíblias sempre abertas e estas mulheres sempre intercedendo por todos.
Os tempos hoje são outros, mas sempre houveram mulheres sonhadoras, com um ideal e um propósito, cheias, completas, no entanto, a maioria foi silenciada, e eu peço que o Senhor cure as mulheres, Pai.
Cure a minha geração para que a posteridade que habitará a Terra também seja curada, este papel da educação que nos foi delegado há tantas gerações pode transformar o mundo em um lugar mais empático, mas para isso as mulheres precisam ser curadas. O sofrimento não pode ser silenciado e se libertar é sinônimo de ser ouvida, ter espaço para ser quem se é e evoluir na medida que cada uma decidiu para si mesma.
Parafraseando Simone de Beauvoir "Que nada nos limite, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja nossa própria substância, já que viver é ser livre".
Amém.

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